terça-feira, 29 de março de 2011

Espaço A Coisa se manifesta sobre lacração



Segunda-feira, 28 de março de 2011
Ribeirão Preto/SP

Olá,

O Espaço a Coisa vem por meio desta comunicar o que aconteceu ao longo do final de semana e desta segunda-feira.

Antes de qualquer coisa nós agradecemos o apoio de pessoas que vêm se manifestando através das redes sociais, emails, telefonemas e ajudas diretas. É bom ver que existe um público interessado na proposta do Espaço a Coisa e que tudo isso surgiu espontaneamente, sem que o Espaço ou nenhum de seus membros solicitasse alguma ajuda. Mas as pessoas se manifestaram.

A Coisa existe já há cinco anos e desde então sempre levou adiante a ideia de que em Ribeirão tem gente que gosta e que faz cultura, sim. E pra surpresa geral o Espaço tem provado estar certo, e dando certo. Nossa proposta é ser um centro cultural e não apenas uma casa noturna. Por isso, temos exibições e produção de teatro, o Cine Coisa, o Café Filosófico, Os Vernilounges e suas subsequentes exposições.

As aulas de palhaço, A Graça da Coisa e tantos outros projetos e oficinas que já houveram e que ainda virão. Esses projetos geram parcerias com artistas, produtores e coletivos da cidade. Nas sextas, rola a música, que atrai muita gente e atenção para lá e, desse modo erroneamente as pessoas acabam apenas associando o nome do Espaço ao de um bar.

Na sexta passada, durante a realização da terceira Noite Fora do Eixo (parceria com o Coletivo Fuligem de Comunicação e Arte), recebemos a visita da fiscalização geral da prefeitura e de uma escolta de policiais militares. Na ocasião nos foi solicitado um alvará.

Informamos aos agentes que a prefeitura havia feito vistoria na casa recentemente e que estávamos esperando o laudo da mesma. O protocolo se encontrava com o nosso contador. Desse modo por não estarmos com o protocolo em mãos fomos condenados com a lacração sumária do lugar.

Impossibilitando a realização do evento da noite e da peça de teatro Lágrima de Vênus em cartaz no espaço. Na ocasião foi-nos informado também que a música incomodava a vizinhança e que havia menores no estabelecimento. Ainda que naquela noite nenhuma pessoa menor de dezoito anos tenha sido encontrada.

Quem frequenta a Coisa sabe que o Espaço a Coisa não faz o estilo teenager. Apesar de não termos nada contra os lindos seres dessa idade.

Na segunda-feira (28/3) a equipe da Coisa foi com o protocolo de um lado e o contador de outro, até a fiscalização da prefeitura deste município. Ali foram informados de que havia reclamação de barulho e que seria necessária uma reforma acústica. Porém, que mesmo as atividades que não produzem ruídos também estão proibidas.

É bom deixar claro que o Espaço a Coisa não tem o mínimo intuito de ser um estorvo para sua vizinhança. Gostaria isso sim, de ser uma opção cultural para os membros daquela comunidade. Que os vizinhos aparecessem nas peças de teatro, que os jovens assistissem às aulas de palhaço e que (por que não?) às sextas venham ouvir boa música. Mas vejam bem, apenas nas sextas, pois a Coisa só apresenta músicas às sextas! 1 dia na semana...

Os membros do Espaço a Coisa não têm como meio de vida o espaço, todos têm outras fontes financeiras. Desse modo toda grana que entra é injetada de volta por meio de melhorias gradativas que, quem conhece a casa, com certeza vai percebendo ao longo do tempo.

Isolamento acústico é a nossa principal preocupação, pois com ele também sanamos outra das reclamações que recebemos dos frequentadores: o ar-condicionado. Porém, tudo é planejado em longo prazo, porque além de não fazermos dinheiro com A Coisa, também não temos nenhuma parceria ou apoio de grandes marcas ou órgãos governamentais. O Espaço se sustenta, literalmente através de seu próprio suor. Independente.

O fato é que nosso planejamento era para alguns meses e a verba viria através de nosso funcionamento, o que fica a partir de agora inviabilizado. Tornando inviável também o projeto acústico e desse modo, inviabilizando o Espaço.

Nosso projeto é simples. Proporcionar cultura para Ribeirão, pela cultura e para a cultura. Não temos o intuito de molestar os vizinhos, contestar a prefeitura ou praticar qualquer outra contravenção até porque sabemos o quanto é chato um vizinho barulhento.

Mas a situação é que o Espaço está proibido de fazer qualquer atividade. Não se pode fazer NADA no Espaço a Coisa.

Ribeirão Preto voltou à sua programação normal.

Espaço a Coisa

Um comentário:

  1. Que terrível, acho que é o único espaço cultural alternativo de Ribeirão Preto.
    É um pouco estranho depois de cinco anos a vizinhança se incomodar, né?
    E já ser lacrado de cara, seu vizinho deve ser bem xarope. As vezes o Jazz estava atrapalhando o Big Brother ou a Música Sertaneja que ele queria ouvir... bem típico... Lamentável!

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