Descendente de uma banda chamada Grupo 17, nas décadas de 60 e 70, com a prioridade de manter um trabalho com músicas próprias, o grupo, conhecido pela realização de bailes em diversas regiões, lançou seu primeiro disco em 1980 com o nome de Rasante. Em 1983 chegava ao segundo álbum, chamado Onde está meu Rock.
Logo após este disco, o grupo engajou-se de vez no emergente rock nacional. Passou a se apresentar em vários programas de televisão, gravou diversos outros discos e sem nunca ter interrompido os trabalhos durante estes 28 anos, o grupo mantém sua rotina de shows.
Com várias formações ao longo dos anos, sempre estiveram presentes Johnny Oliveira e Henrique Bartsch, da formação original, primando pela qualidade artística e musical do grupo.
Homenagem do cantor Bueno
Com músico é assim, onde chega tudo se transforma. Por quê??? Ora, porque o músico é um ser humano diferenciado. Porque ele faz música e música é o caminho mais curto para nos levar a Deus. Já dizia Siles, grande músico, grande clarinetista brasileiro, que no céu havia uma fila de milhares de bebês para nascer e Deus sabiamente passava a mão na cabeça de dois ou três e dizia: "Vocês vão ser músicos". Você que está lendo este meu texto de hoje pode confirmar que o velho Siles tinha razão, basta tentar lembrar quantos músicos você conhece.
No último sábado, 17 de julho, por volta de dez da manhã, recebo uma ligação do meu amigo, músico e parceiro Doni Max dando conta do falecimento de Johnny Oliveira. Na hora, pensei. "O céu está em festa." Johnny vai se juntar a grandes músicos. Era baixista e fundador do Grupo Nós, a banda mais importante que nossa cidade já teve e tem - ela continua, seu filho Rafael assume o posto do pai que foi titular por mais de trinta anos.
Johnny era seu nome artístico, mas pra mim será sempre João. Lembro-me de quando eu tinha dezoito anos e ele dezesseis. Tínhamos um conjunto musical e ensaiávamos na rua Castro Alves. João chegava pedalando sua bicicleta, a mesma que usava para fazer cobranças e serviços para uma empresa de contabilidade. Ele desligava do trabalho. Quando parávamos para um intervalo, João passava a mão na guitarra e fazia acordes sem nunca ter tido aula, aprendia só de estar antenado.
Eu procurava lhe ensinar os acordes mais complicados e João mostrava talento anormal, pois sentava-se no banquinho da bateria e arriscava logo um samba. Fazia o mesmo com o teclado, e em pouco tempo estava no nosso conjunto, "Os Tropicais", que mais tarde virou "The Jetsons". Seu batismo musical foi no Circo do Biriba, onde cantamos em dueto Feche os Olhos, música dos Beatles com versão Renato e seus Blue Caps.
Meu amigo Henrique Bartschtinha na época o conjunto Grupo 17, percebendo o talento de João, tratou logo de adquirir seu "passe". Lá foi nosso baixista brilhar com novos amigos. Trocaram o nome da banda: nascia ali o Grupo Nós. O Grupo Nós passa para a historia de nossa cidade por um fato heróico, quando, nos anos 80, descobriram que a Antártica estava vendendo o Teatro Pedro II (então em ruínas) para o Bradesco.
Antonio Calixto, que na época era vereador, lutou como louco junto com o Grupo Nós, Kiko Zambianchi e músicos, compositores e artistas de Ribeirão Preto, criando o movimento Soma. Faziam shows históricos na Esplanada do Pedro II, e conseguiram recolher 30 mil assinaturas. E o Pedrão aí está, para o orgulho de nossa cidade.
João, nossas TV,s no sábado, deram várias notícias: morte de bandido, morte de acidente em trânsito e assuntos diversos. Que pena, João!!! Não deram uma nota de sua partida, talvez nem saibam o quanto você foi importante para nós, amigos, para nossa classe musical, para nossa cidade com seu talento... Mas, é a vida, amigo.
Nós, amigos e músicos, fizemos uma corrente, ligamos e pedimos para que ligassem para todos. O resultado deixou sua família orgulhosa: centenas de fãs foram se despedir de você, demonstrando o quanto era querido. Seu parceiro Henrique não tinha dúvidas de que isso aconteceria.
Ao me aproximar, tirei meu chapéu para você - faço isso para poucos. Você estava sereno, semblante de missão cumprida. Na camisa, um botton dos Beatles, sua banda preferida, e a bandeira do Grupo Nós cobria seu corpo. Cruzando seu peito, a correia que segurava seu pesado baixo - era a que mais gostava. Sua esposa Solange, irmã de Glauco e Pelicano, disse que foi um pedido de seus filhos, disseram que com ela você sustentou a família.
João, caro amigo, até qualquer dia. Aos amigos do Grupo Nós, meu carinho. Para Solange, Daniel, Rafael e Marina, dedico esse meu texto.
ola amigo,adorei muito sua forma de expressar essa homenagem,c/ tanto carinho por essa pessoa.
ResponderExcluirsou da cidade de ituverava,e me emocionei muito ao saber do fato,somente por aqui (e não na tv).
Me lembro com saudades,dos bailes que eles vinham animar quase todos os sabados na minha cidade nos anos 80(local:CAVERN CLUB).
>>me lembro tbm...de qdo eles interpretavam a musica jóia do show (jump do van halen) todo mundo parava,ficavam maravilhados...nossa...que saudades.
e até hj guardo com muito amor, um long play (raridade) que ganhei da banda.
>>>mas a vida segue,e logo partiremos tbm...
abçs á todos que curtiram os bailes c/ grupo nós...e ainda curtem