sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto busca novos patrocínios para manter as contas

Ale Carolo

Uma das cinco melhores orquestras brasileiras, ícone da cultura regional, formada por 54 músicos de primeira qualidade, a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto (OSRP) vive momentos de amargura por não conseguir verba suficiente para sobreviver de forma satisfatória.


Com uma parte de recursos públicos, ajuda de associados e patrocínio de algumas empresas conscientes de seu papel de fomentar a cultura, a OSRP faz o que pode para se manter em pé. "Um povo sem cultura é um povo sem civilidade", lamenta a gerente administrativa da Orquestra, Ana Cláudia Basso Mistretta.

No fim de 2009, a orquestra sofreu um duro golpe. Perdeu o importante patrocínio da Cia. Müller de Bebidas. "Com isso perderam também as crianças e adolescentes da escola Cordas da Cultura, em Pirassununga, SP, que deixaram de contar com o ensino gratuito de música e cultura do mais alto nível", disse Claudia (foto).

A gerente não sabe ao certo o motivo do rompimento do contrato com a Müller, mas lamenta ter acontecido de repente, sem aviso. "Em Ribeirão foram publicadas matérias negativas contra a Orquestra, com informações totalmente fora da realidade. Isso pode ter motivado a Cia. Müller a encerrar o projeto. Mas isso é uma suposição. O prejuízo financeiro foi enorme", afirma.

Foto: arquivo OSRP
2º concerto da OSRP, no Pedro II, em novembro de 1938

A OSRP conta com 65 funcionários, entre músicos, empregados e pessoal administrativo. Os cerca de 80 concertos por ano beneficiam um público de aproximadamente 120 mil pessoas. O custo da orquestra é de R$ 3 milhões. No início do ano, a certeza de recursos gira em torno de R$ 560 mil, vindos da subvenção municipal e dos sócios e patronos. Os outros R$ 2,4 milhões precisam ser captados junto à iniciativa privada.

Foto: arquivo OSRP
Plateia da OSRP lota o Theatro Pedro II, na década de 1950

"Se tivéssemos cerca de 200 patronos, a Orquestra jamais correria o risco de encerrar as atividades. Numa cidade da pujança econômica e do porte de Ribeirão, este número é perfeitamente possível de existir", afirma Claudia. No site da orquestra www.osrp.org.br há uma lista de patronos e patrocinadores. Lá também há orientações para doações de associados.

Foto: arquivo Luís Baldo 
No Cine São Jorge, sob regência de Spartaco Rossi, em 1962

A gerente lembra a importância da Lei Rouanet, beneficio fiscal sobre o Imposto de Renda que possibilita a pessoas físicas ou jurídicas patrocinarem ações e projetos culturais. "Acredito que a maior dificuldade seja o desconhecimento das leis de incentivo e a ignorância das pessoas sobre a dimensão do trabalho que realizamos. Mas é necessária uma conscientização dos políticos e empresários, para que isso aconteça", diz Claudia.

Foto: arquivo OSRP
Anos 80, no Municipal, sob regência de Marcos Pupo Nogueira 

Depoimentos

Fernanda Onofre, musicista e mestre em fonoaudiologia

"Isso é a maior tristeza!! Nós, do coral da OSRP, sentimos também, pois dependemos da orquestra para a realização de grande parte dos nossos concertos. Mas, espero que dê tudo certo. Essa história de que a orquestra vai acabar já vem há anos"


Ferraz Jr, jornalista

"A OSRP não pode acabar. São mais de 70 anos de história musical"

Nenhum comentário:

Postar um comentário