Uma das cinco melhores orquestras brasileiras, ícone da cultura regional, formada por 54 músicos de primeira qualidade, a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto (OSRP) vive momentos de amargura por não conseguir verba suficiente para sobreviver de forma satisfatória.
Com uma parte de recursos públicos, ajuda de associados e patrocínio de algumas empresas conscientes de seu papel de fomentar a cultura, a OSRP faz o que pode para se manter em pé. "Um povo sem cultura é um povo sem civilidade", lamenta a gerente administrativa da Orquestra, Ana Cláudia Basso Mistretta.
No fim de 2009, a orquestra sofreu um duro golpe. Perdeu o importante patrocínio da Cia. Müller de Bebidas. "Com isso perderam também as crianças e adolescentes da escola Cordas da Cultura, em Pirassununga, SP, que deixaram de contar com o ensino gratuito de música e cultura do mais alto nível", disse Claudia (foto).
A gerente não sabe ao certo o motivo do rompimento do contrato com a Müller, mas lamenta ter acontecido de repente, sem aviso. "Em Ribeirão foram publicadas matérias negativas contra a Orquestra, com informações totalmente fora da realidade. Isso pode ter motivado a Cia. Müller a encerrar o projeto. Mas isso é uma suposição. O prejuízo financeiro foi enorme", afirma.
Foto: arquivo OSRP
2º concerto da OSRP, no Pedro II, em novembro de 1938
A OSRP conta com 65 funcionários, entre músicos, empregados e pessoal administrativo. Os cerca de 80 concertos por ano beneficiam um público de aproximadamente 120 mil pessoas. O custo da orquestra é de R$ 3 milhões. No início do ano, a certeza de recursos gira em torno de R$ 560 mil, vindos da subvenção municipal e dos sócios e patronos. Os outros R$ 2,4 milhões precisam ser captados junto à iniciativa privada.
Foto: arquivo OSRP
Plateia da OSRP lota o Theatro Pedro II, na década de 1950
"Se tivéssemos cerca de 200 patronos, a Orquestra jamais correria o risco de encerrar as atividades. Numa cidade da pujança econômica e do porte de Ribeirão, este número é perfeitamente possível de existir", afirma Claudia. No site da orquestra www.osrp.org.br há uma lista de patronos e patrocinadores. Lá também há orientações para doações de associados.
Foto: arquivo Luís Baldo
No Cine São Jorge, sob regência de Spartaco Rossi, em 1962
A gerente lembra a importância da Lei Rouanet, beneficio fiscal sobre o Imposto de Renda que possibilita a pessoas físicas ou jurídicas patrocinarem ações e projetos culturais. "Acredito que a maior dificuldade seja o desconhecimento das leis de incentivo e a ignorância das pessoas sobre a dimensão do trabalho que realizamos. Mas é necessária uma conscientização dos políticos e empresários, para que isso aconteça", diz Claudia.
Foto: arquivo OSRP
Anos 80, no Municipal, sob regência de Marcos Pupo Nogueira
Depoimentos
Fernanda Onofre, musicista e mestre em fonoaudiologia
"Isso é a maior tristeza!! Nós, do coral da OSRP, sentimos também, pois dependemos da orquestra para a realização de grande parte dos nossos concertos. Mas, espero que dê tudo certo. Essa história de que a orquestra vai acabar já vem há anos"
Ferraz Jr, jornalista
"A OSRP não pode acabar. São mais de 70 anos de história musical"
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